Dois grandes momentos de teorização da arte. No primeiro (inaugurado por Platão e Aristóteles) a Filosofia trata as artes sob a forma da poética (estuda as obras de arte como fabricação de seres e gestos produzidos pelos seres humanos); no segundo (a partir do séc. XIII) sob a forma da estética (tradução do grego aesthesis; significa conhecimento sensorial, experiência, sensibilidade).
No séc. XX as artes deixaram de ser vistas exclusivamente como produtoras da beleza (contemplação). Tal mudança fez com que a idéia de gosto e de beleza perdessem o privilégio dos estudos da estética. Com isso a filosofia da arte (estética) aproxima-se cada vez mais da idéia de poética, a arte como trabalho e não como contemplação e sensibilidade.
Aristóteles - Estética da mimese
Imitação: “a arte imita a natureza”. A obra resulta da atividade do artista para imitar outros seres por meio de sons, sentimentos, cores, formas etc. O valor da obra está na habilidade do artista. Imitar não significa reproduzir, mas representar a natureza através da obediência a regras para que a obra figure algum ser, algum sentimento, algum fato. A finalidade é a busca da harmonia e proporção.
Comentário do filme “O Carteiro e o Poeta”: Vida e Poesia.
O Carteiro e o Poeta filme de Michael Radford apresenta de imediato um quadro próprio de qualquer comunidade e sua realidade social e política submergindo pouco a pouco para aflorar dois extremos que se casam muito bem na referida obra: a poesia representada pelo escritor Pablo Neruda (chileno) e a sociedade com suas lutas de classe que define a realidade do Mário Ruoppolo que representa o carteiro.
A sociedade chilena vive tempos de agitação e de ditadura. Pablo é expulso pelo Governo, devido as suas poesias que incomodavam e questionavam, gerando desconfiança em suas convicções políticas de comunista. Ao se refugiar na Itália conquista a simpatia do povo que o define como o “o poeta amado pelas mulheres” como também “o poeta do amor”. Para Mário Ruoppolo “ele é normal como as outras pessoas”.
Há um tom de poesia em todo o filme e o Mário vai passar por uma grande transformação em sua vida: descobre uma maneira de conquistar o objeto do desejo por meio de metáforas. Um homem pacato, simples e de pouca leitura, mas desprovido de qualquer preconceito que o empeça de galgar a sensibilidade que aflora ora do coração e do interior da alma, ora da natureza em seus movimentos: praias, ondas, rios, vento, montanha. . . Ao conhecer Beatrice Ruosso: bonita, encantadora e meiga; Mário se sente perturbado pelo amor que sente por ela. Chega a afirmar que está cansado de ser apenas um homem, quer ser como Neruda que encanta as mulheres.
O ponto culminante do filme se encontra numa espécie de duelo entre o carteiro que reluta em conquistar o amor de Beatrice chegando afirmar que “a poesia não pertence a quem escreve, mas àqueles que precisam dela” e o poeta que também reluta em fazê-lo compreender que “o poeta precisa conhecer o objeto de sua inspiração”.
Os fatos transcorreram em um ambiente que embora em constante movimento dá um aspecto de nostalgia e calma. Exceto o que fica subtendido no aspecto político que denota uma onda de conflitos violentos pelos quais Mário será violentado e morto. Assim, percebe-se uma visão solitária do poeta ao retratar a sociedade e seus problemas, tornando-se protagonista do sofrimento do povo. Ele se torna detentor de uma estética que está a favor da dignidade humana.
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